Marcadores

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Guardando a recordação, das terras onde passei...

Tudo relacionado ao Nordeste me emociona. Me impressiona ver pessoas que nasceram e viveram lá, mudam para outros Estados e se envergonham de suas origens. Me impressiona também, aqueles que escondem seus sotaques, suas crenças e a vida que levou. Na minha opinião, ninguém tem que se envergonhar de nada. Muita gente fala que o Nordeste é carregado nas costas, que o povo de lá não gosta de trabalhar... Todo e qualquer lugar tem suas partes boas e ruins, ninguém pode sair julgando sem ter no mínimo visitado pra ver como é. A mesma coisa é dizer que no Sul só tem viado, e  que no Rio de Janeiro só tem bandido.

A cultura do Nordeste é rica, é linda, tenho vontade de explorar que lugar pra aprender histórias de vida, pessoas, músicas... Com o filme do Luiz Gonzaga isso renasceu em mim mais do que nunca. Só de ver o trailer me bate uma vontade de chorar, sério. Essa produção foi lançada dia 26/10 nos cinemas, vou ver muita gente falando "Credo, filme brasileiro, que lixo" e indo assistir Magic Mike. Por favor, aprendam a valorizar o seu país. Não pela política, que é uma vergonha. Mas pela cultura, principalmente a do Nordeste.

Deixo aqui o trailer pra quem se interessou pelo filme:

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

TOP 10: Músicas que não enjoam

Com a ajuda novamente do nosso mestre (mentira) @mattewbrasil, nós dois, juntos, fizemos um Top 10 de músicas que particularmente adoramos e que não se cansa de escutar, não enjoam.  

Acompanhe a seguir:
1°  Roger Waters, Van Morrison, The Band - Comfortably Numb

2°  Mike & The Mechanics - Looking back over my shoulder


3°  The Temptations - My girl

4°  Roy Orbison - In Dreams 

5°  Soft Cell -  Tainted love

6°  Stevie Wonder - Isn't she lovely

7°  Eric Clapton - Layla (Versão acústica)


8°   The Eagles - Hotel Califórnia

9°   Dusty Springfield - Son of a preacher man

10°  Aretha FranklinWonderful 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

TOP 10: Melhores filmes segundo @mattewbrasil


Segundo o sábio (não) Matheus Cristian (@mattewbrasil). Esses filmes são maravilhosos e valem muito apena serem vistos. Uma dica é: mesmo que o filme seja da década de 1940, assista primeiro, e depois o julgue por ele ser velho, sei que se sua opinião for essa, de que se um filme for antigo é melhor nem assistir, vai mudar totalmente o que você pensa a respeito. Assisti a alguns da lista, e posso afirmar que são de te deixar eletrizado! 

O Poderoso Chefão - Parte I
Em 1945, Don Corleone (Marlon Brando) é o chefe de uma mafiosa família italiana de Nova York. Ele costuma apadrinhar várias pessoas, realizando importantes favores para elas, em troca de favores futuros. Com a chegada das drogas, as famílias começam uma disputa pelo promissor mercado. Quando Corleone se recusa a facilitar a entrada dos narcóticos na cidade, não oferecendo ajuda política e policial, sua família começa a sofrer atentados para que mudem de posição. É nessa complicada época que Michael (Al Pacino), um herói de guerra nunca envolvido nos negócios da família, vê a necessidade de proteger o seu pai e tudo o que ele construiu ao longo dos anos.

2° Ben-Hur
Ben-Hur vivia no início do século primeiro como um príncipe e mercante de Jerusalém. Quando o seu velho amigo Messala é escolhido pelo governador para ser o oficial comandante de uma das legiões romanas, Judah ficou feliz. Mas com o passar do tempo, as visões dos dois amigos divergem e eles acabam por se separar. Ben-Hur então come o pão que o diabo amassou, sofrendo o máximo que um ser humano pode aguentar. Após uma bem sucedida corrida de bigas, ele começa a se vingar dos que destruíram a vida de sua família. Teores religiosos, inclusive com discretas aparições de Jesus, complementam o tempero desta obra-prima vencedora de 11 Oscar, incluindo Filme e Direção.


3° Janela Indiscreta
Jeff (James Stewart) é um repórter incapacitado de exercer sua profissão temporariamente, por causa de uma perna quebrada. Como ele é muito ativo, suas fotos sempre foram de situações perigosas ao extremo, Jeff precisa urgentemente de algo para ocupar o seu tempo livre. Espiando através da janela de seu apartamento a vida dos vizinhos, ele passa a desconfiar que um homem matou sua mulher e escondeu o corpo. Com a ajuda de sua noiva Lisa (Grace Kelly), Jeff vai, a todo custo, tentar provar que está certo em um divertido e voyerístico filme do 'Mestre do Suspense'.


4° O Poderoso Chefão - Parte II
Durante os anos 50, Michael Corleone está agora a frente da família e tenta expandir seus negócios por Las Vegas, Hollywood e Cuba. Paralelamente, conhecemos a interessante história de Vito Corleone, ainda jovem na Sicília, em 1910, e como ele chegou a Nova York e começou a contruir o seu império.


5° Pulp Fiction - Tempo de Violência
Três histórias são apresentadas de forma não cronológica ao público. Em uma, conhecemos Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson), dois mafiosos que devem fazer uma cobrança, que termina em chacina e com uma violenta seqüência no carro. Em outra história, Vincent deve levar a mulher de seu chefe (Uma Thurman) para se divertir enquanto ele viaja, mesmo com todos os boatos que rodeiam o caso. Por último, conhecemos Butch Coolidge (Bruce Willis), um boxeador que deve lutar em um combate com vencedor pré-definido, mas que surpreende a todos, vence e foge com o dinheiro da luta para provar o seu valor, sendo perseguido logo após. Palma de Ouro em Cannes.


6° Os Bons Companheiros
Baseada em fatos reais, esta é a obra-prima sobre a Máfia de Martin Scorsese, através dos olhos de Henry Hill (Ray Liotta), norte americano meio italiano, meio irlandês, e como ele se desenvolveu dentro da Máfia desde que foi criança. Um retrato extremamente violento da organização. Oscar de melhor ator coadjuvante (Joe Pesci).


7° Crepúsculo dos Deuses
 A ex-estrela de filmes mudos Norma Desmond vive solitária com seu fiel empregado Max von Mayerling em sua mansão residida no endereço da famosa Sunset Blvd. Sua vida ganha uma nova guinada quando o fracassado roteirista Joe Gillis chega em sua casa fugindo de cobradores, utilizando a mansão como cativeiro perfeito para que ninguém o encontre. Quando Norma descobre que Gillis é um roteirista, resolve lhe mostrar o rascunho de uma história, e pede que o rapaz a melhore para que Cecil B. DeMille a dirija no papel principal.


8° Lawrence da Arábia
Conheça a história de T.E.Lawrence (Peter O'Toole), um jovem tenente que, insatisfeito com o trabalho de preencher mapas no quartel general durante a Primeira Guerra Mundial, acabou enviado para o deserto como observador, na região onde fica a atual Arábia Saudita. Simpatizando com os costumes e povos da região, acabou tendo uma decisiva participação na histórica união dos povos árabes contra os turcos. Vencedor de 7 Oscar, incluindo Melhor Filme e Diretor.


9° Psicose
Considerado pelos críticos a melhor obra-prima de Hitchcock, e pelo American Film Institute o melhor thriller de todos os tempos, Psicose é uma obra magnífica de suspense, com personagens maravilhosos e que ficarão eternamente gravados na história. Marion (Janet Leigh) acaba tendo que passar a noite em um motel na beira da estrada, mas não sabe que o lugar guarda seus segredos assustadores.


10° Os Intocáveis
Em uma selvagem Chicago dos anos 30, o jovem policial Eliot Ness decide bater de frente com o crime organizado do temido Al Capone, recrutando alguns homens sem medo para neutralizar o tráfico de bebidas do criminoso, durante a lei seca americana.



Sinópse dos filmes: CINEPLAYERS

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Inspire-se no estilo clássico que nunca sai de moda

 Ilustrações criadas pela artista Sandra Suy para uma edição da revista chinesa Rouge. Eu amei os desenhos, mas meu preferido foi o da Bridget Bardot com sua irreverente sensualidade.


Audrey Hepburn

Grace Kelly

Bridget Bardot

Coco Chanel ♥

Jacqueline Kennedy

Marilyn Monroe
OBS: Como podem notar,dei uma arrumada nas ilustrações para que se possa observar com mais atenção os detalhes! ;)

Fonte: GNT

Os Simpsons fazem Pulp Fiction








domingo, 20 de novembro de 2011

Eu sou criativo?


Uma das maiores autoridades no mundo em Pesquisa da Criatividade, o consultor maltês Edward de Bono, diz que "novos softwares são lançados todos os dias no mercado. Entretanto, utilizamos, para a nossa mente, o mesmo de 2400 anos atrás". Ele está se referindo especificamente ao modo de raciocínio que herdamos dos gregos (Aristóteles, Sócrates, Platão). As pessoas e organizações falam muito sobre criatividade e inovação, mas fazem pouco.
Isto pode ser comprovado por uma pesquisa, apresentada pelo jornalista e consultor de criatividade Brian Clegg, realizada entre grandes empresas multinacionais nos anos 90, na qual constatou que 80% delas sabiam que a inovação era fundamental para alcançar ou sustentar uma vantagem competitiva em um mercado em acelerada transformação, mas que somente 4% dessas empresas achavam que o aspecto estava sendo bem trabalhado por elas.

Segundo Gary Hamel, um dos maiores nomes da administração moderna: "Você não consegue criar mais lucro sem criar novas receitas. Se quiser gerar riqueza, a empresa tem de inovar

Na área de informática, por exemplo, é lançado um software novo no mercado mundial a cada oito minutos.
Por outro lado, em 2001, as empresas brasileiras obtiveram a concessão de 125 patentes no Escritório de Patentes e Marcas dos EUA. Nesse mesmo período, a Coréia do Sul obteve 3.763 registros e Taiwan 6.545.
Richard Foster e Sarah Kaplan, no livro "Destruição Criativa – Por que empresas feitas para durar não são bem-sucedidas", mostra um dado contundente. O tempo médio de permanência das empresas na lista das 500 maiores dos EUA está caindo de 65 para 10 anos. Sendo que a previsão para 2020 é a de que 75% das maiores empresas serão formados por organizações que não conhecemos hoje.
A teoria da "destruição criativa" foi desenvolvida por Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), um dos maiores economistas do século 20. A teoria sustenta que o sistema capitalista progride por revolucionar constantemente sua estrutura econômica: novas firmas, novas tecnologias e novos produtos substituem constantemente os antigos. Como a inovação acontece aos trancos e barrancos, a economia capitalista está, de forma natural e saudável, sujeita a ciclos de crescimento e implosão.
Agora sabemos que criatividade e inovação são fatores importantes no caminho rumo ao sucesso pessoal e organizacional no século XXI. Como as empresas são compostas essencialmente por pessoas, temos que nos concentrar no desenvolvimento humano. Pois não existem empresas criativas sem pessoas criativas. Criatividade é um fator ligado a pessoas.
O principal obstáculo à criatividade e inovação dentro das empresas reside no fato de cada idéia nova ter de passar por diversos gerentes da organização. Eles podem não querer nada inovador, pois isso significa risco e perturbação. A solução seria que a inovação "cortasse caminho" de alguma forma, sem ter de passar por todos esses níveis hierárquicos, diminuindo assim os boicotes internos. A maioria das vezes as grandes idéias não chegam ao conhecimento das pessoas que realmente detêm o poder de mudança.
Mas eu sou criativo?
Centenas de milhares de pessoas se perguntam isso diariamente. A resposta: todo mundo é criativo.

Desde o tempo das cavernas o homem usa a sua criatividade para sobreviver, desenvolvendo, aos poucos, soluções práticas para os problemas da vida. Criando instrumentos e ferramentas a partir de pedaços de ossos e pedras para se defender e caçar.
O maior obstáculo para a criatividade é acharmos que não somos criativos
Testes de criatividade realizados pelo Dr. Calvin Taylor, da Utah University, apresentados no livro "Ponto de Ruptura e Transformação" do Dr. George Land, indicam uma realidade impressionante. Oito tipos de testes aplicados num universo de aproximadamente 1.600 indivíduos avaliados em diferentes fases de vida evidenciaram o seguinte: 98% de um grupo de crianças, cuja idade se situava entre três e cinco anos, apresentaram desempenho de criatividade correspondente à genialidade; 32% das crianças entre oito e dez anos possuíam grau de gênio; apenas 10% entre treze e quinze anos ainda permaneciam "gênios"; e, finalmente, restou apenas 2% dos jovens adultos acima de vinte e cinco anos com essas habilidades ativadas. De alguma estranha forma, parece que as crianças aprendem a não ser criativas.
Escolas anti-criativas
A explicação para esse fenômeno está na escola. Na realidade, nós começamos a desaprender a utilizar a criatividade ao entrar na escola, porque o sistema educacional vigente prioriza muito mais a memorização do que o saber pensar. Além disso, as escolas preconizam que tenhamos apenas uma resposta certa para cada problema ou situação. 
Não há estímulos para discussão, o professor se comporta como um repetidor dos fatos não como um mediador do conhecimento. Esta pequena história infantil demonstra exatamente o que ocorre dentro das salas de aula atualmente:

Era uma vez uma galinha branca que punha ovos verdes...
Ovos verdes? - reclama a professora, indignada, interrompendo a leitura da redação, enquanto a turma se agita em risinhos e troca de segredinhos maliciosos.
Ovos verdes, sim, senhora professora – responde a aluna. - A galinha é minha e põe ovos da cor que eu quiser.
Menina está a brincando comigo? Já viu alguma galinha pôr ovos verdes? Sente-se imediatamente e refaça a redação.
Desolada a menina volta ao seu lugar, de cabeça erguida. Apenas sentou e pensou em seu desafio.
Durante o recreio ficou na aula, de castigo. Mas não fez outra redação.
Logo após o intervalo, a professora novamente a chamou para que lesse em voz alta a segunda versão, da redação.
E assim ela começa: Era uma vez uma galinha branca que punha ovos brancos, só porque não a deixavam pôr ovos verdes..."
É devido a situações como esta, que passamos a bloquear a criatividade.
"Quando as crianças vão para a escola, são pontos de interrogação; quando saem, são frases feitas", observou o sociólogo e educador Neil Postman.
A essência da criatividade está na habilidade de fazer permanentemente perguntas sobre o mundo e de procurar novas combinações das coisas que já existem.
Uma criança faz, em média, 65 perguntas por dia; um adulto faz seis.
Hoje em dia, encontra-se na sociedade aquilo que poderia ser denominado de "cultura de conformidade", onde profissionais, estudantes e demais indivíduos são desencorajados a apresentarem soluções criativas. Todos buscam soluções padrão para tudo, nos tornando apenas repetidores de processos já testados e aprovados.
Você sabia que o custo para construir um computador com características semelhantes às do seu cérebro seria em torno de três bilhões de dólares?
Não pense você que os grandes pensadores já nasceram tendo boas idéias. Assim como uma criança não nasce falando, mas com o tempo vai desenvolvendo a fala, da mesma forma também devemos desenvolver a nossa criatividade.
Segundo Catherine Patrick, em seu livro "O que é pensamento criativo", o ato criativo é constituído de quatro etapas que são, na maioria das vezes, imperceptíveis às pessoas.
A primeira etapa é a preparação, onde se procura interagir com determinado problema, juntando a maior quantidade possível de informações, lendo, escrevendo, discutindo, consultando, enfim, aprofundando o seu conhecimento sobre determinado assunto.
A segunda etapa é a incubação, onde o problema passa a ser uma questão inconsciente, sujeito ao trabalho de associações e conexões impensadas, constituindo a essência da criação. Daniel Goleman em seu livro "Espírito criativo" diz que "ficamos mais receptivos a sugestões da mente inconsciente nos momentos de devaneio, quando não estamos pensando em nada em particular. Por isso, o sonhar acordado é tão útil na busca da criatividade".
A terceira etapa é a iluminação, que traz ao consciente uma solução originada das inúmeras associações de idéias geradas no subconsciente.
E, finalmente, a quarta etapa é a verificação, onde se julga se a idéia ou solução gerada é aplicável.

O estudo realizado por Margarita de Sánchez, uma das mestras em pensamento lógico-criativo aponta uma série de bloqueadores à criatividade.
Margarita afirma que o desenvolvimento da criatividade se vê muitas vezes afetado pela presença de barreiras ou bloqueios formados por modelos mentais. Tais elementos limitadores impedem a geração livre de idéias e o uso adequado das informações disponíveis.
A forma de percepção faz com que a visão da realidade seja parcial.
Estes bloqueios são criados por nós mesmos: temores, percepções, preconceitos, experiências, emoções, etc. Outros são criados pelo ambiente: tradição, sociedade, regras, falta de apoio, conformismo, entre outros.
Outra forma de entender os chamados bloqueios mentais ou emocionais é percebê-los como construções criativas de nossa própria mente inconsciente para lidar com os regulares problemas causados pela expressão descontrolada de nossos impulsos criativos.
John Stuart Mill, filósofo e economista inglês, além de um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX, diz que "Nenhum grande avanço no destino da humanidade é possível sem que haja uma grande e fundamental mudança nos seus modos de pensar".
Quer mudar o seu modo de pensar? Comece enfrentando a realidade: qual foi a última vez que você participou de um evento que criou algo novo? Qual a última vez que você estimulou a criatividade dos outros? Você se desafia frequentemente a olhar para a mesma coisa como todos olham e enxergar algo diferente?

Pois a verdadeira dificuldade não está em aceitar idéias novas, mas em escapar das idéias antigas diria, John M. Keynes, um dos mais influentes economistas do século XX, criador da Macroeconomia.

Fonte: Administradores por Roberto Recinella




domingo, 6 de novembro de 2011

Nara Leão - Crítica


Dizer que Nara Leão foi importante para a MPB pelo fato de ter sido a musa da bossa-nova é uma temeridade. Mais que isso, uma injustiça, além de falta de compostura histórica.

É claro que Nara foi musa, sim, e ninguém negará isso, ao menos nós que vivemos os anos dourados da bossa entre 1960 e 1964. Aliás, não apenas musa do mais poderoso movimento musical que existiu no Brasil. Mas até musa individualizada de quase todos nós, que caíamos de quatro ante a sedução sem par daquela franjinha, daquela boca carnuda, daquela voz grave ao falar, daquele par de olhos que encarava o interlocutor com uma firmeza capaz de demonstrar qualquer alma menos prevenida, um misto de luz celestial de anjo e raio dardejante de mulher sedutora. Sedutora? Muito, muitíssimo mais que isso.

Assim era Nara, que não queria ser musa de ninguém, e era, que não queria sequer que a chamassem de musa da bossa-nova, e era.

Mas muito além da musa jamais autodeclarada, estava um poderoso ser humano, dotado da melhor antena que registra a MPB. Nara Leão, com seu faro de perdigueiro para cheirar talentos novos, não apenas institucionalizou os compositores da bossa nova, na sua fase mais eloqüente, o comecinho dos anos 60, quando cantou Menescal e Bôscoli, Carlos Lyra, Vinícius e Tom. Nara, na verdade, foi muito mais longe. Teve a sensibilidade de abraçar os ideais de justiça social apregoados pelo CPC da UNE e pelo Cinema Novo, ouvir e deixar-se encantar pela magia dos poetas do morro, a turma mais ligada às escolas de samba, acusada de “quadradona” por certos setores da bossa nova.

Lembro-me do quase escândalo que foi o primeiro LP da Nara, gravado para a Elenco, de Aloísio de Oliveira. A cantora – de quem boa parte da crítica esperava apenas bossa e balanço, sol, céu, mar e azul, teve o topete de apresentar as visceralidades de Cartola (“O Sol Nascerá”, com Elton Medeiros) e Nelson Cavaquinho (“Luz Negra”, uma pura obra-prima de tensão e dramaticidade). Além de Zé Kéti, com o êxito triunfal que viria a ser “Se Alguém Perguntar por Mim”, samba antecipatório de “Alegria, Alegria” (de Caetano, quatro anos depois), inaugurando o Tropicalismo. Ricardo Cravo Albin